segunda-feira, 22 de junho de 2015

De braços bem abertos


"Tudo isso provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo (...) Por amor a Cristo lhes suplicamos: Reconciliem-se com Deus. Deus tornou pecado por nós aquele que não tinha pecado, para que nele nos tornássemos justiça de Deus".
2 Coríntios 5:18,20,21 (NVI) 

De longe se vê o madeiro sendo erguido, sorrisos e choros se confundem em meio à multidão. A cada passo rumo ao Gólgota mais pessoas se aproximam, talvez alguns nem sabiam o que estava realmente acontecendo apenas queriam participar do movimento. Todavia, como pelourinho de vergonha e dor um homem, chamado Jesus, é encravado na cruz. Erguido como troféu, lá em cima, o Nazareno de braços abertos insiste em olhar para baixo. A dor dos cravos, a angústia da sede, o desespero da dificuldade de respirar não eram mais severos que a triste cena dos olhos do Carpinteiro percorrendo a imensa multidão em busca dos Seus discípulos.

Jesus queria encontrar Seus discípulos em meio à multidão não para que eles o tirarem da cruz, pois se Ele quisesse o faria sem ajuda de ninguém. Entretanto, Cristo queria olhar nos olhos dos Seus companheiros de ministério e fazê-los entender que mesmo quando O abandonaram, negaram ou fugiram, ainda sim, Ele estaria lá, simplesmente de braços abertos. Uma pergunta percorria a multidão: onde estavam os discípulos daquele homem de braços abertos? Judas não agüentou a dor de ter que admitir que mesmo na cruz ainda o Mestre estivesse de braços abertos. Pedro não tolerou o constrangimento de perceber que seu Mestre ainda estaria de braços abertos, mesmo tendo ele O negado. Os demais discípulos não puderam admitir a possibilidade de contemplarem, acima de tudo e de todos, que o Carpinteiro, ainda sim, estaria lá de braços bem abertos.

Não eram apenas os discípulos que precisavam ver Jesus de braços bem abertos, quem mais precisava contemplar esta cena era a multidão, pois era exatamente aquela multidão que outrora seguia Jesus para se alimentarem, serem curados, libertos ou para se rejubilarem perante os milagres, são os que agora estava lá embaixo, aos pés da cruz, aguardando apenas o Carpinteiro morrer para voltarem para suas atividades cotidianas e continuar a viver com outrora faziam. No entanto, lá de cima, ainda com os braços abertos, estava Cristo Jesus orando: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem...” – Lc. 23:34. Lá em cima, longe dos gritos da multidão, dois ladrões iniciam um diálogo com Jesus. Um zombou do fato de Cristo ainda estar de braços abertos. O outro preferiu simplesmente se lançar nos braços do Mestre que ainda insistiam em permanecer bem abertos.

A cena da crucificação certamente ficou gravada na mente e no coração de todos os presentes e ficará na memória de todos que conhecem esta história. Indubitavelmente, sempre que as pessoas olharem para a cruz se lembrará de um homem que não foi apenas pendurado no madeiro, mas contemplarão um Carpinteiro que ainda hoje insiste em estar de braços bem abertos, quer seja para os discípulos, ou para mais um na multidão, ou mesmo para um ladrão. Uma certeza há, Ele sempre estará de braços bem abertos, e é por esta razão que Paulo exclamou: “...o amor de Cristo nos constrange...” – 2 Co. 5:14. Por isto, a todos que contemplam a cruz de Cristo só há uma opção de vida: é igualmente abrir os braços e se entregar para Aquele que ainda insiste em estar de braços bem abertos.

Fortalecido pela cruz de Cristo,
Vinicius Seabra | vs.seabra@gmail.com
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Artigo escrito em: 12 de Junho de 2006

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