"Tudo isso provém de
Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo (...) Por
amor a Cristo lhes suplicamos: Reconciliem-se com Deus. Deus
tornou pecado por nós aquele que não tinha pecado, para que nele nos
tornássemos justiça de Deus".
2 Coríntios 5:18,20,21 (NVI)
De longe se vê o madeiro sendo erguido,
sorrisos e choros se confundem em meio à multidão. A cada passo rumo ao Gólgota
mais pessoas se aproximam, talvez alguns nem sabiam o que estava realmente acontecendo
apenas queriam participar do movimento. Todavia, como pelourinho de vergonha e
dor um homem, chamado Jesus, é encravado na cruz. Erguido como troféu, lá em
cima, o Nazareno de braços abertos insiste em olhar para baixo. A dor dos
cravos, a angústia da sede, o desespero da dificuldade de respirar não eram
mais severos que a triste cena dos olhos do Carpinteiro percorrendo a imensa
multidão em busca dos Seus discípulos.
Jesus queria encontrar Seus discípulos em
meio à multidão não para que eles o tirarem da cruz, pois se Ele quisesse o
faria sem ajuda de ninguém. Entretanto, Cristo queria olhar nos olhos dos Seus
companheiros de ministério e fazê-los entender que mesmo quando O abandonaram,
negaram ou fugiram, ainda sim, Ele estaria lá, simplesmente de braços abertos.
Uma pergunta percorria a multidão: onde estavam os discípulos daquele homem de
braços abertos? Judas não agüentou a dor de ter que admitir que mesmo na cruz
ainda o Mestre estivesse de braços abertos. Pedro não tolerou o constrangimento
de perceber que seu Mestre ainda estaria de braços abertos, mesmo tendo ele O
negado. Os demais discípulos não puderam admitir a possibilidade de
contemplarem, acima de tudo e de todos, que o Carpinteiro, ainda sim, estaria lá
de braços bem abertos.
Não eram apenas os discípulos que
precisavam ver Jesus de braços bem abertos, quem mais precisava contemplar esta
cena era a multidão, pois era exatamente aquela multidão que outrora seguia
Jesus para se alimentarem, serem curados, libertos ou para se rejubilarem perante
os milagres, são os que agora estava lá embaixo, aos pés da cruz, aguardando
apenas o Carpinteiro morrer para voltarem para suas atividades cotidianas e
continuar a viver com outrora faziam. No entanto, lá de cima, ainda com os
braços abertos, estava Cristo Jesus orando: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem
o que fazem...” – Lc. 23:34. Lá em cima, longe dos gritos da multidão, dois
ladrões iniciam um diálogo com Jesus. Um zombou do fato de Cristo ainda estar
de braços abertos. O outro preferiu simplesmente se lançar nos braços do Mestre
que ainda insistiam em permanecer bem abertos.
A cena da crucificação certamente ficou
gravada na mente e no coração de todos os presentes e ficará na memória de
todos que conhecem esta história. Indubitavelmente, sempre que as pessoas
olharem para a cruz se lembrará de um homem que não foi apenas pendurado no
madeiro, mas contemplarão um Carpinteiro que ainda hoje insiste em estar de
braços bem abertos, quer seja para os discípulos, ou para mais um na multidão,
ou mesmo para um ladrão. Uma certeza há, Ele sempre estará de braços bem
abertos, e é por esta razão que Paulo exclamou: “...o amor de Cristo nos
constrange...” – 2 Co. 5:14. Por isto, a todos que contemplam a cruz de Cristo
só há uma opção de vida: é igualmente abrir os braços e se entregar para Aquele
que ainda insiste em estar de braços bem abertos.
Fortalecido pela cruz de Cristo,
Vinicius Seabra | vs.seabra@gmail.com
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Artigo escrito em: 12 de Junho de 2006
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