Filipenses
3:12-14 (NVI)
Na igreja há,
entre tantas outras formas de categorização, dois tipos de pessoas: as
pecadoras – que são todas, indistintamente e definitivamente. E, há também, as
imaturas – que é um número considerável de gente. Ser pecador não é o sinônimo
de imaturidade, e da mesma maneira, ser imaturo não tem como causa única o
pecado. São duas essenciais completamente diferentes que ocasionalmente se
enamoram na vida cristã. Do estigma do pecado nunca nos livraremos por
completo, temos uma natureza pecaminosa fruto da corrupção do primeiro Adão (cf. Rm 5). Sendo, portanto, o pecado um
“lembrete” de Deus acerca da nossa incapacidade de justificação, santificação e
salvação por meio de nós mesmos. Sendo que para os pecadores existe o
Carpinteiro, que na cruz se fez propiciação pelos pecados. Entretanto, no que
tange a imaturidade, pode-se asseverar que tal deformidade se refere à
incompatibilidade da “nova criatura”, uma espécie de mecanismo de defesa do velho homem que insiste em manter a
malandragem como fonte de inspiração.
As consequências
do pecado são muito diferentes das consequências da imaturidade. O pecado nos
afasta de Deus (cf. Is 59), a
imaturidade nos afasta dos outros. O pecado, quando reconhecido, gera
arrependimento (cf. Sl 51), porém a
imaturidade, quando reconhecida, gera vergonha, tão somente por ter sido
descoberto (não por ter cometido uma falta). O pecado nos faz depender da Graça
(cf. II Co 12:9), a imaturidade nos
faz sentir fortes. O pecado revela nossa incapacidade (cf. Sl 22), a imaturidade revela o quanto somos capazes de viver
uma farsa. O pecado aponta para a necessidade de haver mais de Cristo em nós (cf. Rm 11), a imaturidade aponta para o
quanto distorcemos a mensagem de Cristo, intencionalmente e tendenciosamente. O
pecado gera morte, a imaturidade gera sobrevida eclesiástica. O pecado nos tira
a razão (explicação), a imaturidade
cria arquétipos de argumentos. Portanto, entre pecadores e imaturos não há
muitas semelhanças, a não ser pelo reconhecido mal oriundo de ambos.
Ser pecador não é
escolha que se possa fazer ou deixar de se fazer (cf. I Jo 1), é fato de desnude da nossa natureza, da nossa essência
adâmica. Contudo, ser imaturo é opção, escolha intencional de gente que ainda
não entendeu a simplicidade do Evangelho. O pecado nos faz reconhecer quem
somos, revela nossas limitações e nos desnuda frente ao Criador. A imaturidade
nos faz desfocar quanto a nossa identidade, nos torna confusos quanto a quem
realmente somos e encobre/maqueia nossa verdadeira face junto ao Carpinteiro. O
pecador tem consciência de que o pecado não o isenta da culpa por suas falhas,
não dá direito para se lambuzar no pecado, não justifica suas desventuras e nem
tão pouco o minimiza da condenação. De contrapartida, o imaturo vale-se do
pecado para justificar seus erros, encontra no pecado a desculpa para continuar
no desacerto, faz do pecado uma gangorra para tranquilizar sua mente e tenta
convencer os outros de que o pecado (não o pecador) tem que ser tolerado.
É possível ser
pecador e não ser imaturo – não é fácil e nem é um caminho sem volta (linear e
constante), mas é acessível que se consiga viver o cristianismo com consciência
do pecado, sem infantilidades. Contrapondo, é inevitável que todo imaturo seja
pecador – reitero que o problema não está no pecado, para isto existe a cruz de
Cristo que cobre os pecados, o verdadeiro problema está em infantilizar-se na
vida cristã, valendo-se do pecado como válvula de escape para pecar
deliberadamente (afinal, somos todos pecadores, argumenta os imaturos) e
manipular a irmandade em prol do orgulho, vaidade, reconhecimentos, aparência
de santidade, falsa humildade e complacência de erros (sinais visíveis da
pavonice dos imaturos). Aos que pecam, que se arrependam, cotidianamente, e
encontrem a Graça que não exige pessoas perfeitas no Reino. Aos imaturos, que
se olhem no espelho e percebam que ainda não entenderam que o que Cristo espera
de nós não são atitudes, civilismo, ética, templos, números, aplausos, ou
admiração, mas sim transformação, genuína transformação, coisa esta que só nos
é dada quando se desiste de si mesmo e se entrega, despretensiosamente e
totalmente, ao Carpinteiro. Dai, então, Ele entalha nos afortunados pecadores:
fé, esperança e amor.
Fortalecido pela cruz de Cristo,
Vinicius Seabra | vs.seabra@gmail.com
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Artigo escrito em: 12 de Maio de 2015
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