“O que as suas mãos tiverem que fazer, que o façam com toda a sua
força (...) Maldito o que faz com negligência o trabalho do Senhor!”
Eclesiastes 9:10 (NVI) e Jeremias 48:10 (NVI)
Há várias maneiras de se ausentar do serviço a Deus, o
mais usual em solos tupiniquins é desmoralizar a igreja criando uma forma individual de
servir a Deus, desassociada de qualquer interação grupal. É fato que
há muitas falhas e debilidades na igreja brasileira. É óbvio que fazer parte de
uma igreja inclui a certeza axiomática de encontrar fofocas, conflitos e
desconfortos. A igreja sempre será um lugar de gente deformada – a igreja
existe para isto, expor nossa corruptibilidade humana. Contudo, fugir por vias
de uma religiosidade particular (leia-se individualista) que não inclui o
suportar uns aos outros, que não se assemelha com o amar de forma
relacional-intencional e que não comunga da imprevisibilidade comunitária, desnuda,
então, uma religiosidade maquiada, pois não tem implicações sociais (grupal).
A espiritualidade individualista não tem relevância, pois
o próprio Cristo se fez carne para sociabilizar com os Seus mostrando que
religião e gente andam juntas, de forma indissociável. Contudo, distante destes
que privatizam o Reino em masmorras particulares com fins a fugir do
compromisso integral em servir mutuamente, há outro tipo de pessoas que passam
quase despercebidos no serviço a
Deus, são aqueles que dão migalhas ao Reino. Estes são piores do que aqueles
que inventam uma religiosidade individualista, pois estes da turma da migalha preferem
intencionalmente fingir que estão servindo a Deus – aparentam estarem dedicando
tempo e vida em prol do reino, mas na verdade não estão.
Os que dão migalhas ao Reino são aqueles que poderiam
fazer muito mais do que tem sido feito, porém preferem fazer pouco para não
cair no ativismo – se esquecem que
ativismo não é fazer muito, mas sim fazer muito sem propósito; são aqueles que
poderiam ajudar mais, porém preferem se calar para nada ter que fazer, assim
ninguém tem o que cobrar e, então, desfrutam de uma paz – se esquecem que
paz não é fruto de ausências, mas sim resultado da presença; são aqueles que
tem competência para oferecer um serviço de qualidade, porém preferem
emporcalhar e improvisar o que tem a ser feito sob o argumento de que Deus vê é o coração – se esquecem que o fato
de Deus vê o coração não se refere apenas a aspectos internos, mas sim as
intenções que remetem a exterioridade.
Os da turma da
migalha são aqueles que quando vão fazer algo secularmente o fazem com todo
esmero possível, porém quando vão fazer algo na igreja o fazem raquiticamente
com a pretensão de que o Reino carece de simplicidade
– se esquecem que simplicidade nada tem haver com relaxos, mas sim com
espontaneidade. São aqueles que não acham desnecessário gastar dinheiro com
comida, roupas, viagens ou outras coisas de entretenimento pessoal, porém se
limitam a ajudar a irmandade eclesial ou a algum necessitado qualquer sob a egoísta
argumentação de que Deus me abençoou
com o meu salário por causa da minha fidelidade a Ele, então, o
dinheiro deve ser usado para minha satisfação,
afinal, Deus quer a minha felicidade –
se esquecem que felicidade não é um aditivo por se viver bem, mas sim o
distintivo daqueles que escolhem substituir o eu ser feliz por nós sermos
felizes.
Enfim, o caminho não é criar uma religiosidade individualística
que mutila o Cristianismo, muito menos ingressar no rol dos da turma da migalha que parecem estar
servindo a Deus. O convite do Carpinteiro é que possamos descobrir o prazer de
fazer a Deus o melhor, com todas as nossas forças, com todo nosso coração, com
todos nossos recursos, com todas nossas qualificações, com tudo que temos e com todas nossas intenções. E assim, não oferecer migalhas ao Maestro,
pois a bem da verdade se temos vida é por causa dEle, se temos tempo é para ser
usado para Ele, se temos recursos é para ser disposto no Reino, se existimos é
para cumprir os propósitos dEle e se ainda estamos aqui é porque Ele sabe que
podemos ser mais do que estamos sendo.
Fortalecido pela cruz de Cristo,
Vinicius Seabra | vs.seabra@gmail.com
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Artigo escrito em: 15 de Janeiro de 2014
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