quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Trabalhadores, espectadores e atrapalhadores



“Portanto, meus amados irmãos, mantenham-se firmes, e que nada os abale. Sejam sempre dedicados à obra do Senhor, pois vocês sabem que, no Senhor, o trabalho de vocês não será inútil”. 
I Coríntios 15:58 (NVI) 

A efetiva capacidade de trabalhar é um dos critérios de diferenciação entre adultos e crianças. Sendo assim, surge uma relação existencial onde o ser humano trabalha para viver, ou se preferir, vive para trabalhar. Entretanto, independente da forma como se percebe esta relação homem e trabalho, é fato notório que no serviço semanal se resume quase que a totalidade da existência humana, pois é ali que se vive quase, ou até mais, da metade das horas do dia. Por conseguinte, é no ambiente de trabalho que se faz amigos, que se desenvolvem competências e que geram expectativas de vida. Contudo, é neste mesmo ambiente que surgem as decepções uns com os outros, que se acostuma com a mediocridade e que se enterram belíssimos sonhos. Parece antagônico, e é óbvio que o é, pois isto é ser humano – pessoas mutáveis por relacionamentos e influenciáveis por sentimentos.

O complexo universo do trabalhar não é uma característica única do ambiente secular. Contudo, há sempre alguém que, muito ingenuamente, postula que no trabalho eclesiástico (i.e. igreja) tais extremos não existam, porém estes se esquecem de que a igreja é constituída por gente. Portanto, em termos de trabalho todos estão sujeitos às mesmas ações e reações humanas. Por esta razão é que no trabalho (eclesiástico ou secular) há aqueles que dizem fazer melhor acerca do que se está sendo feito, mas nunca o fazem; há aqueles que nada cooperam, mas que sempre se acham indispensáveis; há aqueles que conseguem facilmente apontar o erro dos outros, mas nunca tem coragem de se expor em cargos de liderança. Enfim, sempre há aqueles que trabalham, aqueles que assistem os outros trabalharem e aqueles que atrapalham.

O grande encargo sobre os ombros dos cristãos é conseguirem trabalhar, quer seja no ambiente secular ou no eclesiástico, de forma que os princípios da fé cristã sejam manifestados nas vivências uns com os outros. Isto implica em conseguir continuar trabalhando em silêncio mesmo quando os que atrapalham ficam a esbravejar superioridade, pois “se alguém quiser ser o primeiro, será o último, e servo de todos" (Mc. 9:35); continuar trabalhando mesmo quando os que deveriam ajudar resolvem cruzar os braços e se contentam em assistir o esforço dos que estão na arena, pois “corramos com perseverança a corrida que nos é proposta, tendo os olhos fitos em Jesus, autor e consumador da nossa fé” (Hb. 12:1-2); continuar trabalhando mesmo quando os que estão a volta não reconhecem a dedicação pelos serviços prestados, pois “receberão do Senhor a recompensa da herança. É a Cristo, o Senhor, que vocês estão servindo” (Cl. 3:24).

Enfim, continuar a trabalhar com o mesmo entusiasmo só é possível quando o oficio a ser exercido tem como propósito máximo a exaltação de Deus. E assim, entender que é Ele quem é o patrão, é Ele quem é o dono da Seara, é Ele que no final recompensará cada um conforme aquilo que fez e o que não fez. Portanto, há uma máxima axiomática que se aplica a todo tipo de ofício: o trabalho feito por homens para homens sempre será tormentoso, porém o trabalho feito por homens para Deus, nunca será em vão.

Fortalecido pela cruz de Cristo,
Vinicius Seabra | vinicius@mtn.org.br 
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Artigo escrito em: 13 de Setembro de 2010

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