quarta-feira, 10 de abril de 2013

Sobre ouro, sacrifíco e tolos


"...acaso tem o Senhor tanto prazer em holocaustos e em sacrifícios quanto em que se obedeça à sua palavra? A obediência é melhor do que o sacrifício, e a submissão é melhor do que a gordura de carneiros. Pois a rebeldia é como o pecado da feitiçaria, e a arrogância como o mal da idolatria. Assim como você rejeitou a palavra do Senhor, ele o rejeitou como rei”. 
I Samuel 15.22-23 (NVI)

No contexto judaico do Antigo Testamento o sacrifício de animais era um dos mais importantes rituais a serem feitos em gratidão, rendição e pedido de perdão a Deus. O então rei, Saul, tinha plena consciência acerca da seriedade deste ritual, entretanto, em um fatídico dia se esqueceu de que Deus se importa mais com a obediência dos Seus do que com a as belas liturgias (no contexto da época, sacrifícios de animais). Por esta razão o Senhor o rejeitou (v. 23), pois mais importante que ser um grande e bem sucedido rei, é impreterível aprender a simplicidade do obedecer ao Criador. Aqui se faz necessário ratificar que a rejeição de Deus por Saul não se deu pelo fato de ter feito um ritual litúrgico. O erro de Saul não foi o fato de não ter esperado Samuel para o sacrifício, muito menos por não ter seguido a praxe judaica. O problema em questão era a ousadia (leia-se rebelião) de Saul em intencionalmente desobedecer a uma ordem expressa de Deus de destruir todos os amalequitas (vs. 18-26).

O rei Saul preferiu não desagradar à multidão (v.21), mesmo sabendo que tal intento afrontaria o Deus vivo. Esta atitude demonstra que para Saul o mais importante era o povo. Quando este sentimento impera sobre a cristandade o sacerdócio se torna objeto de leviandade das massas. Neste ponto é que reside o grande perigo, pois as pessoas tendem a serem facilmente encantadas pelo espetáculo do sacrifício oferecido pelos reis. A grande maioria se contenta em realizar a praxe da religião e se esquecem de que qualquer ritual certo se torna num gigantesco erro quando feito em desobediência. Por isto, é valido afirmar que não é a multidão o termômetro mais exato, não são os reis que devem escolher o caminho e não são os sacrifícios que definem a espiritualidade. A capacidade de obedecer fielmente a Deus é o que nos define para a eternidade.

A recompensa daqueles que desobedecem a Deus é sempre um grande balde cheio de “ouro de tolo” (i.e. pirita - um minério que é muito semelhante ao ouro verdadeiro). Estes pensam que tem algo de valor, pois são reis e tem a multidão. Contudo, em seus corações o que tem a apresentar para o Senhor não tem valor algum, pois é fruto de desobediência. Deus não se encanta com os feitos dos reis e nem com frenesis espiritualistas das multidões, pois Ele sabe distinguir o verdadeiro do falso, o joio do trigo e o sacrifício agradável do sacrifício de tolo. Por esta razão, não existe nada menos sensato do que desobedecer a vontade do grande Rei; e, não existe nada mais prejudicial à fé cristã do que banalizar os sacrifícios – mesmo que tais atos venham travestidos de espirituosas boas ações, pois “...o Senhor não vê como o homem: o homem vê a aparência, mas o Senhor vê o coração” (cf. I Sm. 16.7) – NVI. 

Fortalecido pela cruz de Cristo,
Vinicius Seabra | vinicius@mtn.org.br

Artigo escrito em: 30 de Setembro de 2010

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