"...acaso tem o Senhor tanto
prazer em holocaustos e em sacrifícios quanto em que se obedeça à sua palavra?
A obediência é melhor do que o sacrifício, e a submissão é melhor do que a gordura
de carneiros. Pois a rebeldia é como o pecado da feitiçaria, e a arrogância
como o mal da idolatria. Assim como você rejeitou a palavra do Senhor, ele o
rejeitou como rei”.
I Samuel 15.22-23 (NVI)
No contexto
judaico do Antigo Testamento o sacrifício de animais era um dos mais
importantes rituais a serem feitos em gratidão, rendição e pedido de perdão a
Deus. O então rei, Saul, tinha plena consciência acerca da seriedade deste
ritual, entretanto, em um fatídico dia se esqueceu
de que Deus se importa mais com a obediência dos Seus do que com a as belas
liturgias (no contexto da época, sacrifícios de animais). Por esta razão o
Senhor o rejeitou (v. 23), pois mais
importante que ser um grande e bem sucedido rei, é impreterível aprender a
simplicidade do obedecer ao Criador. Aqui se faz necessário ratificar que a
rejeição de Deus por Saul não se deu pelo fato de ter feito um ritual
litúrgico. O erro de Saul não foi o fato de não ter esperado Samuel para o
sacrifício, muito menos por não ter seguido a praxe judaica. O problema em
questão era a ousadia (leia-se
rebelião) de Saul em intencionalmente desobedecer a uma ordem expressa de Deus
de destruir todos os amalequitas (vs.
18-26).
O rei Saul preferiu
não desagradar à multidão (v.21),
mesmo sabendo que tal intento afrontaria o Deus vivo. Esta atitude demonstra
que para Saul o mais importante era o povo. Quando este sentimento impera sobre
a cristandade o sacerdócio se torna objeto de leviandade das massas. Neste
ponto é que reside o grande perigo, pois as pessoas tendem a serem facilmente
encantadas pelo espetáculo do sacrifício oferecido pelos reis. A grande maioria se contenta em realizar a praxe da religião
e se esquecem de que qualquer ritual certo se torna num gigantesco erro quando
feito em desobediência. Por isto, é valido afirmar que não é a multidão o
termômetro mais exato, não são os reis
que devem escolher o caminho e não são os sacrifícios que definem a
espiritualidade. A capacidade de obedecer fielmente a Deus é o que nos define
para a eternidade.
A recompensa
daqueles que desobedecem a Deus é sempre um grande balde cheio de “ouro de
tolo” (i.e. pirita - um minério que é
muito semelhante ao ouro verdadeiro). Estes pensam que tem algo de valor, pois
são reis e tem a multidão. Contudo,
em seus corações o que tem a apresentar para o Senhor não tem valor algum, pois
é fruto de desobediência. Deus não se encanta com os feitos dos reis e nem com frenesis espiritualistas
das multidões, pois Ele sabe distinguir o verdadeiro do falso, o joio do trigo
e o sacrifício agradável do sacrifício de tolo. Por esta razão, não existe nada
menos sensato do que desobedecer a vontade do grande Rei; e, não existe nada
mais prejudicial à fé cristã do que banalizar os sacrifícios – mesmo que tais
atos venham travestidos de espirituosas boas ações, pois “...o Senhor não vê
como o homem: o homem vê a aparência, mas o Senhor vê o coração” (cf. I Sm.
16.7) – NVI.
Fortalecido pela cruz de Cristo,
Vinicius Seabra | vinicius@mtn.org.br
Artigo escrito em: 30 de Setembro de 2010
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