quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Um lugar para pescadores


E, depois de terem jantado, disse Jesus a Simão Pedro: Simão, filho de Jonas, amas-me mais do que estes? E ele respondeu: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe: Apascenta os meus cordeiros.
João 21:15r

"E, depois de terem jantado, disse Jesus a Simão Pedro: Simão, filho de Jonas, amas-me mais do que estes? E ele respondeu: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe: Apascenta os meus cordeiros".
João 21:15 (NVI) 

O evangelho segundo Lucas registra no capítulo cinco a história de um pescador chamado Simão Pedro, ou simplesmente Pedro, como o Carpinteiro costumava chamá-lo. Ali estavam eles, em um dia qualquer de pescaria, na beira da praia do Mar da Galiléia, limpando as redes depois de uma noite inteira de pescaria sem sucesso. Contudo, a poucos metros dali estava Jesus Cristo ensinando as multidões, e naquela manhã o barco de Pedro se tornou o palco ideal para mais uma das várias pregações do Carpinteiro.

O relato do evangelho de Lucas não explicita o teor do ensino de Cristo naquela manhã, porém baseado no cenário que o texto monta não seria difícil imaginar que talvez esta conversa tenha sido sobre pescaria. Naquele dia, pescar peixes seria apenas um detalhe na história, pois a bem da verdade Cristo estava pescando os corações, especialmente o de Pedro. Ali na beira do lago de Genesaré aconteceu o primeiro encontro entre Jesus Cristo, o pescador de vidas, e Pedro, um futuro pescador de vidas.

O Carpinteiro-Pescador incitou alguns daqueles presentes para levarem novamente os barcos para o alto mar e assim presenciaram uma das maiores pescarias até então registradas, ao ponto de os barcos quase irem a pique. Depois de pegarem peixes, era hora de os pescadores se tornarem os peixes da história. Ali em alto mar foi o local escolhido por Jesus para dar uma “fisgada” certeira no coração deles, e os convidou para que a partir daquela manhã eles se tornassem pescadores de homens. A resposta dos pescadores veio assim que eles chegaram novamente à praia, e sem hesitar os pescadores deixaram tudo, e seguiram o Grande Pescador.

O ministério terreno de Jesus Cristo foi de aproximadamente três anos. Este foi o tempo suficiente para transformar peixes “cascudos” como Pedro em um esplêndido pescador de vidas. Contudo, o evangelho segundo João no capítulo 21 (o último capítulo deste evangelho) registra que após a morte de Jesus alguns destes pescadores de vidas resolveram voltar a serem apenas pescadores de peixes. E sendo assim, após uns três anos sem pescar, Pedro encabeça a lista dos pescadores que decidiram voltar a cheirar peixes. Contudo, nem a própria morte pode conter o Carpinteiro de Nazaré, e ali estava novamente Jesus a beira da praia esperando seus pescadores voltar.

O Grande Pescador é um mestre por excelência e como que em um feedback repetiu de forma semelhante o cenário, as falas e as próprias pessoas daquele belíssimo dia, há três anos atrás, quando estavam em alto mar e Jesus os chamou para serem pescadores de homens. Desta vez Jesus estava na praia esperando Pedro e os demais voltarem, e dali mesmo Jesus interpela os pescadores sobre se eles tinham pegado algo, mas novamente a resposta foi negativa. E oura vez Jesus repete a lição falando para eles lançarem as redes, e como não poderia ser diferente, veio abarrotada de peixes. Pedro tomado por uma grande explosão de lembranças pulou no mar e foi de encontro ao Carpinteiro-Pescador.

A beira da praia se tornou o lugar perfeito para esta aula da saudade entre Jesus e seus pescadores. Em um dado momento Cristo estreita o diálogo com Pedro e o questiona sobre que tipo de pescador ele quer ser, de peixes ou de homens. Pedro sabia que não poderia mais voltar atrás, ser um pescador de vidas é um caminho que não teria mais volta. A resposta de Pedro foi positiva e Jesus dá uma última orientação: “apascenta minhas ovelhas”, e foi exatamente isto que Pedro fez durante o resto de sua vida como relato o livro de Atos. E nunca mais Pedro voltou a pescar peixe.

Ah! Só para constar como informação, os peixes, as redes e os barcos ficaram lá na praia do mar da Galiléia, se tornaram mero detalhe, pois aqueles pescadores resolveram não mais pescar peixes, mas sim vidas. A prova de que eles tiveram êxito nesta nova função é que formaram outros discípulos-pescadores que ainda hoje pescam vidas pelo mundo inteiro. E se algum dia estes pescadores de vidas se esquecerem de quem são, e voltarem a ser pescadores de peixes, uma certeza perdurará, o Grande Pescador ira novamente “fisgar” seus corações, motivações, razões e irá trazê-los de volta para o lugar onde se conheceram, e ali será um ótimo lugar para se reencontrar como pescador de vidas.

Fortalecido pela cruz de Cristo,
Vinicius Seabra | vinicius@mtn.org.br

Artigo escrito em: 19 de Junho de 2008

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